Editorial do NEJM demonstra resultados do WHO Solidarity Trial Consortium, que durou 6 meses e identificou que os quatro medicamentos não apresentaram benefício na mortalidade.
Editorial no The New England Journal of Medicine analisa resultados do estudo Solidarity, desenvolvido pelo WHO Solidarity Trial Consortium, da Organização Mundial da Saúde, que investigou os resultados de quatro tratamentos farmacológicos para a Covid-19. O estudo acompanhou 405 hospitais, em 30 países, com 11330 adultos, que receberam regimes baseados em remdesivir, hidroxicloroquina, lopinavir e interferon beta-1a, ou receberam os cuidados padrão específicos do hospital, randomicamente designados.
Estes tratamentos apresentam valor incerto para tratamento da doença e estão sendo utilizados ao redor do mundo enquanto são avaliados em estudos clínicos. Em 6 meses, foi acumulada informação de pacientes hospitalizados com situação variada. Os dados demonstram não haver evidência de um benefício significativo na mortalidade hospitalar para hidroxicloroquina, lopinavir ou interferon beta-1a quando calculado em uma ampla gama de situações, seja geral ou em subgrupos importantes.
Visto coletivamente com estudos anteriores, o estudo Solidarity envia a mensagem clara de que esses medicamentos, como usados atualmente, não devem mais ser considerados opções de tratamento viáveis para Covid-19.
Já para o uso de remdesivir, é necessário avaliar em outro aspecto. Assim como os outros medicamentos, não demonstrou benefício substancial na mortalidade, mas os dados mostram que houve uma redução do tempo de recuperação (enquanto o paciente que fazia uso de placebo apresentou 15 dias para recuperação, o que utilizava o remdesivir levava 10 dias) o mesmo foi identificado no tempo reduzido para alta hospitalar (12 dias para quem usou, contra 17 dias para quem não fez uso).
Para três dos quatro medicamentos estudados (hidroxicloroquina, lopinavir e interferon beta-1a), não há evidência de benefício. O benefício com o quarto (remdesivir) pode ser sua capacidade de mudar o curso da hospitalização em alguns pacientes, mas os resultados do estudo Solidarity indicam que não devemos esperar uma mortalidade substancialmente reduzida.