A dor é uma entidade complexa, subjetiva e sujeita às particularidades de cada indivíduo. Especialistas indicam que depois de três meses, a dor não é mais o sintoma, mas a própria doença. No Brasil, estudo realizado “Incidência de dor crônica na população “, pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor e IBGE (2016) concluiu que a Dor Crônica afeta 37% da população.
Mesmo assim, a atenção médica dada para tratamento da dor crônica não têm a devida atenção dos sistemas de saúde. Em se tratando de protocolo clínico para o manejo da dor crônica, ainda há pouco debate e participação dos profissionais de saúde e sobretudo dos gestores do sistema de saúde sobre esta doença que é bastante prevalente e que tem um impacto social gigantesco no SUS.
Para discutir o protocolo clínico atual e compará-lo às diretrizes internacionais, o INAFF promoveu o I Workshop sobre Acesso a Medicamentos para o Tratamento da Dor crônica: Barreiras de Acesso e Necessidades não atendidas no SUS, em Maranhão, nos dias 28 e 29 de novembro. O encontro foi realizado apoio da farmacêutica Grünenthal. O workshop teve a participação de mais de 30 profissionais da assistência farmacêutica e gestores da Secretaria de Saúde do Maranhão, Ceará, Minhas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Bahia para uma programação intensa de atualização e compartilhamento de experiências. Também participaram profissionais da Conitec e Ministério da Saúde, além da participação das Universidades Federais da Bahia e do Maranhão, bem como da sociedades médicas e de algumas federações ligadas à dor.
Dr. João Batista Garcia, especialista em Dor e Cuidados Paliativos, presidente da Federação Latinoamericana de Associações para o Estudo da Dor, apresentou o estado da arte no tratamento da dor crônica. Além da mesa redonda sobre o impacto da dor crônica no SUS e, também foi realizada uma mini-oficina que capacitou os participantes na gestão, assistência e serviço. A proposta foi, coletivamente, desenhar uma melhor forma de dar acesso aos medicamentos para o tratamento da dor.
Na ocasião também foram discutidos os PDCTs e cuidados paliativos para a dor crônica no tratamento do câncer. Segundo o Ministério da Saúde, de 50% a 70% dos pacientes com câncer sofrem do problema e para mais de um terço deles, a dor é de alta intensidade. Apenas este ano, estima-se que 600 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados no Brasil e, destes, 60% já estarão em estado avançado. O workshop discutiu as estratégias de acesso a esses medicamentos e os protocolos estaduais de Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Maranhão.
Para Prof. Lindemberg Assunção Costa, presidente do INAFF, o evento tem o desafio de promover a atualização dos protocolos, já que existem várias barreiras de acesso, principalmente ao paciente de câncer. “Discutimos como dar acesso mais eficiente. Uma das formas propostas foi focar o atendimento em um serviço especializado, onde o paciente possa ter dispensação de todos os medicamentos em um só lugar. Outra possibilidade é tirar esses medicamentos do componente especializado e colocar em uma outro componente, ou desburocratizar o acesso através do componente estratégico, ou mesmo na atenção hospitalar”, relata.