Escassez de medicamentos no mundo é um problema de saúde pública bem conhecido. Em 2016, a falta do medicamento penicilina cristalina foi tema dos principais jornais brasileiros. Em 2019, o Brasil enfrenta problema de escassez da penicilina benzatina, o benzetacil, for falta de insumo de qualidade. Esses medicamentos são utilizados para o tratamento da sífilis.
A escassez não está ligada apenas a um grupo específico de medicamentos ou ao cenário nacional. Entretanto, a escassez de antibióticos no mercado representa um novo fardo para as políticas públicas de saúde.
A Folha de S. Paulo trouxe um artigo do New York Times sobre o fechamento de startups produtoras de antibióticos e o desinvestimento de farmacêuticas na pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos frente ao antigo problema de resistência antibiótica.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, pelo menos 700 mil pessoas morrem por ano devido a doenças resistentes a medicamentos antimicrobianos e alerta que o número de mortes pode chegar a 10 milhões, a cada ano, até 2050, mantido o cenário atual.
Os principais antibióticos enfrentam problemas para os próximos anos, já que nos EUA, maior mercado do mundo, das 18 empresas que fabricavam o medicamento, apenas 3 continuam produzindo.
São observados alguns fatores que influenciam no desinvestimento a antibióticos. A maioria dos tratamentos com antibióticos tendem a durar menos de um mês. Um tempo curto comparado às doenças crônicas, em que o indivíduo usa o tratamento no resto da vida. Além disso, o uso de antibióticos tem uma forte regulação, já que o uso abusivo também configura problema de saúde pública. As empresas têm investido mais em tratamento de doenças crônicas e raras.
O SUS ainda possui alternativas antibióticas, em sua grande maioria formada por genéricos. Quando emergir a resistência bacteriana fruto da utilização destes antibióticos, as alternativas serão escassas, o que representa grande impacto para os sistemas de saúde.
É necessário que governos promovam uma legislação que favoreça ou incentive a produção de novos antibióticos com as empresas, ou enfrentará o desafio da escassez de novos medicamentos por falta de interesse da indústria.